Estudo com 4.500 pessoas avaliou efeitos tanto no estômago quanto na parte baixa do trato intestinal
Além dos conhecidos efeitos no estômago e duodeno, os anti-inflamatórios não hormonais convencionais causam um estrago significativo no intestino, que costuma passar despercebido por médicos e pacientes.
O maior estudo controlado já realizado sobre a ação de anti-inflamatórios no aparelho digestivo traz uma avaliação sistemática dos efeitos do remédio tanto na parte alta do trato gastrointestinal quanto no intestino.
O estudo, denominado Condor, envolveu cerca de 4.500 pessoas de 32 países, incluindo o Brasil. Os resultados foram publicados no periódico “The Lancet”.
“Os médicos ficam mais voltados para os efeitos no estômago e no duodeno, mais sintomáticos. No intestino, as lesões podem não dar sinais, mas causar perda de sangue oculto nas fezes, o que pode levar à anemia”, diz o reumatologista Milton Helfenstein Jr, da Unifesp. Em alguns casos, o remédio pode causar dores abdominais e diarreia.
Para o gastroenterologista Décio Chinzon, da USP, o estudo mostra que problemas no intestino, embora menos comuns, são importantes e devem ser investigados.
Segundo o médico, as estratégias para proteção estomacal não podem ser aplicadas às lesões intestinais.
Folha de São Paulo